Assim que me descobri grávida eu
tive a certeza de que iria amamentar meu filho(a), para mim essa era uma questão
que nem merecia discussão de tão obvia que me parecia. Afinal amamentação não é
forma natural de alimentar um bebê? Como poderia ser diferente?
Passaram-se os nove meses, minha
Marina nasceu e era chegada a hora! Fácil assim? Quem me dera. Só com minha bebê
nos braços é que percebi que sabia de tudo sobre a gestação, semana a semana,
mas não sabia nada sobre como cuidar de um recém-nascido, claro tinha meus
instintos e achava que só isso bastava, mas logo vi que seria uma tarefa mais árdua
que imaginava.
Logo de cara veio o terrorismo: “-
Você não vai ter leite, só sai esse pouquinho...” Ainda bem que a obstetra ao
me dar alta deu umas orientações sobre o colostro e sobre a apojadura (descida
do leite) que demoraria um pouco, uns quatro dias, mas que tudo bem isso é
normal. Então me mantive firme em não deixar dar leite de vaca nem mamadeira,
passaram-se os dias e o leite finalmente desceu e veio muito, muito mesmo.
Mas como nem tudo na vida é fácil
meus dois seios empedraram e racharam, feriram muito, toda vez que minha bebê
ia mamar doía muitíssimo, e apesar de algumas opiniões contrárias me mantive
forte. Mesmo com dor, amamentar para mim sempre foi uma satisfação.
Demorou um mês para conseguir cicatrizar e amamentar sem dor, mas consegui.
Pensei, agora sim, ela tá mamando
bem, não dói mais tudo tranquilo. Daí veio o terceiro problema. Ela não estava
ganhando peso suficiente (segundo a pediatra), e ela foi bem clara em dizer que
se não fosse infecção urinária ela entraria com complementação na próxima
consulta. Pensei: Como assim? A mãe sou eu, já me deram um monte de pitacos,
permaneci calada seguindo meus instintos para não magoar ninguém, agora me vem
essa médica com mais essa! Decidi então fazer o exame para diagnosticar e
tratar a infecção urinária, mas se algum complemento alimentar fosse prescrito
não só não usaria como também mudaria de pediatra.
No fim tudo deu certo, ela voltou
a ganhar peso e não se falou mais do assunto, porém um dia desses uma vizinha
me perguntou: Ela AINDA mama? Eu acho que até fiz cara de paisagem... hehe,
pensei: - Como assim, ela é uma bebê de cinco meses claro que ainda mama! Mas
me contive e disse sim. Não satisfeita ela emenda, esse aqui (apontando o bebê
no carrinho) eu comecei mingau logo no segundo mês,
dar de mamar sacrifica muito a mulher. Oi? Como é? Sacrifica quem? E a criança?!!!!...
Depois desses fatos me bateu a curiosidade e fui ver entre conhecidos e
vizinhos quem tinha amamentado o filho e por quanto tempo e o resultado me
deixou desanimada. Claro que eu já sabia que o aleitamento exclusivo no Brasil
não era lá essas coisas, mas a maioria dos casos que vi foram de aleitamento
quase inexistente, e o pior com base em justificativas totalmente
transloucadas. Por isso resolvi compilar algumas dicas que eu queria ter lido
ainda na gestação, se servir para uma mamãe para mim já tá valendo.
O leite materno é o único
alimento para seu bebê. É isso mesmo, não é só o melhor, é o único, as formulas
lácteas são meras substitutas, com a tecnologia melhoraram muito, mas ainda são
substitutas. Pense bem, seu bebê é da espécie Homo Sapiens, por isso tem necessidades
nutricionais, imunológicas e afetivas diferentes das de um bezerro. O leite de
vaca é ótimo, mas para o bezerro, as quantidades de gordura, água, sais
minerais, vitaminas... são diferentes, mesmo que os fabricantes das famosas
fórmulas tenham ajustado, lembre-se tudo isso é artificial. Outro pequeno
detalhe é que a proteção imunológica só existe no leite materno e se o
aleitamento for EXCLUSIVO, pois a administração de qualquer outra substância
compromete a ação de imunidade de seu leite. Por isso não deem água, chá e nem
vitaminas desnecessárias, seu leite é tudo o que o bebê precisa.
Precisamos sim aprender a amamentar.
Antigamente isso não era problema, pois as mulheres mais velhas passavam esse
conhecimento para as mulheres mais novas, porém hoje em uma sociedade
medicalizada, que vem de uma geração ao ter alta da maternidade recebia de brinde
uma lata de leite, em que os médicos era categóricos em afirmar que a fórmula substituía
sem problemas o leite materno, perdemos esse conhecimento. Nossas mães
infelizmente não mais passam esses conhecimentos, ficamos a mercê de obstetras,
pediatras e enfermeiras que muitas vezes mais atrapalham que ajudam. Na maioria
das vezes o problema não está na produção de leite e sim na pega, mas uma mãe
recém parida muitas vezes não encontrar forças (principalmente por causa dos pitaqueiros
de plantão) para buscar informações, e nem todo lugar tem banco de leite. O que
acaba acontecendo é que desistem de amamentar.
Uma dica preciosa é: exija que
seu bebê mame logo depois do parto! Eles nascem com instinto de sucção mas vão
perdendo se demoram muito para vir para nós. Com cuidado e paciência eles
acabam pegando o peito, mas é muito mais sofrido. No meu caso, infelizmente não
aconteceu, eles a levaram para os cuidados “padrão”, ela teve problemas para
respirar e daí demorou par vir para mim, desconfio que isso levou aos primeiros
problemas de pega.
O leite materno não é só
alimento, é antes de tudo amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor,
palavra, sentido... é lindo não é! É da Laura Gutman no seu livro “A Maternidade
e o encontro com a própria sombra”, falarei desse livro depois. Ela conseguiu
dizer tudo o que eu sentia e não conseguia expressar com palavras. Com minha
filha nos braços, mamando senti isso, bebes não precisam só de alimento, antes
de tudo precisam de amor, e amamentar transmite esse amor. E sabe o melhor? É
uma via de mão dupla, não há nada mais gratificante que o sorrisinho ainda com
o peito na boca, que conseguir acalmar seu bebê com uma boa mamada, que deixar
ele repousar placidamente em seus braços depois de mamar, que sentir seu
cheirinho bem perto, seu olhar de felicidade e sua boquinha se abrindo só de se aproximar de você, é
muito bom.
Tenho muito mais a dizer sobre
amamentação, mas falarei disso em outro post porque esse ficou longuíssimo e
marina acordou, e agora é dela minha total atenção.
Minha linda, tenho três filhos lindos você sabe, né? Nunca passou pela minha cabeça em não dar o peito. Assim como cada filho é único as amamentações também são diferentes! No primeiro foi só prazer, não tive uma fissura, e André só quis mamar até o nono mês. No segundo foi muito doloroso, Diego não sugava mordia. Mas continuei mesmo assim também só quis mamar até o nono mês. Com Rodrigo foi um mix! Ele ainda mama, amanhã vai fazer um ano! As vezes acho que o leite não dá mais conta, mas depois de um dia inteiro longe, trabalhando, que diferença faz?? Só quer mesmo estar perto da mamãe recebendo carinho não é?? bjs Marliete
ResponderExcluirQue lindo Marli :) Só tenho a experiência da Marina, mas também acho que cada filho é único e seu relato prova isso. Seu leite dá conta sim, como você mesma disse, não é só a questão do alimento... o carinho, o aconchego da mamãe valem muito e ele vai te agradecer no futuro. Parabéns para o Rodrigo, um ano de pura fofura. Beijos.
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