sábado, 27 de julho de 2013

Meu filho tem baixo peso?

Entendendo as curvas de crescimento.


Não é novidade para ninguém que minha Marina é magrelinha, ela nunca teve uma curvinha sequer, porém é muito ativa, muito esperta (que mãe não acha, não é?), saudável (até hoje adoeceu duas vezes), mama no peito até hoje e alimenta-se de forma saudável. 

Porém mesmo com tudo isso várias pessoas me perguntam porque não dou um suplemento para ela (tipo sustagem, nutrem e outros cheios de açúcar), ou quando mamava exclusivamente porque eu não dava um leitinho para ela engordar. Chegou ao absurdo de uma médica, que não era a pediatra dela, pesá-la, e dizem que ela estava com baixo peso! Totalmente fora do contexto, a Dra Fulana não aferiu a altura de minha filha, não acompanhou seu crescimento, e não considerou a questão genética (porque eu também fui uma bebê pequena e magra).

Assim decidi falar um pouquinho sobre as tão famosas curvas de crescimento, e quem sabe assim ajudar a desencucar alguém, que como eu tem um filho magrinho.

As curvas de crescimento permitem acompanhar o crescimento e desenvolvimento de bebês, crianças e  adolescentes, assim como seu estado nutricional. Especificamente para os bebês relaciona dados de idade x peso x altura x perímetro cefálico.

Porém muitos profissionais ainda usam curvas desatualizadas. Um lugar em que podemos registrar e consultar as tais curvas é a caderneta de vacina distribuída pelo Ministério da Saúde, as curvas de lá estão atualizadas de acordo com as recomendações da OMS.

 As alterações feitas pela OMS  ocorreram porque se identificou que as curvas antigas superestimavam a progressão do peso dos bebês uma vez que foram elaboradas na década de 70, época em que o uso de fórmulas artificiais era a regra, e como sabemos bebês que tomam fórmula láctea tendem a ter maior ganho de peso do que os amamentados.

Aqui e aqui você pode encontrar mais sobre o histórico das curvas de crescimento até chegar ao padrão atual. Mas o que importa é que essas curvas são ferramentas de acompanhamento, mas não são uma lista de objetivos e metas a serem atingidos.

Olha ai o gráfico de peso do cartão de vacina (esse é das meninas, mas as mesmas regras servem para o dos meninos). Essa ai é a curva de peso da minha magrela, veja que os pesos estão sempre entre a linha vermelha inferior e a linha verde. A linha verde é a mediana, ou seja, 50% das crianças vão apresentar essa progressão de peso. O intervalo entre as linhas vermelhas representa a distribuição de peso normal da maioria das crianças, ou seja um bebê com 4 meses que tenha 4 Kg e um que tenha 7 Kg são normais.

O problema está quando o peso da criança está entre as linhas vermelhas e pretas, seja na parte de cima (obesidade) ou de baixo (baixo peso).


Só que muitos pediatras e mães acham que estão competindo para ver quem tem o bebê mais gordo (e depois, lá pelos 2 anos, querem que a criança emagreça! Eita povo confuso bebê deve ser gordo, criança deve ser magra!!!!), parece que quanto mais alto na curva melhor, e não é assim... Os limites superior e inferior é que são problemas. 

Aí te pergunto, aquela Dr Fulana que disse que minha filha tava com baixo peso, deu sua opinião baseada em quê? Parece que eu é que pratico maternidade baseada em evidências, ou invés dela que deveria estar praticando medicina baseada em evidências e não em padrão cultural de peso. Dizer que seu filho, só porque tem 12 ou 13 meses, já deveria ter 10 Kg é sinal de profissional desatualizado.... ou seja "Corram para as montanhas".

O que eu falei para o peso vale para o comprimento, as regras do gráfico são as mesmas.


Vamos agora ao IMC, ou índice de massa corporal, ele é importantíssimo, pois permite avaliar melhor o estado nutricional, na própria caderneta de vacina você encontra uma tabela, nela pode observar na lateral as linhas com o comprimento, no corpo da tabela vemos os pesos. Pegue as medidas do comprimento e peso aproximados do seu filho, localize o IMC correspondente no topo da tabela. Exemplo: Se o seu bebê tem 60 cm e 6 Kg o IMC vai ser 17.


Depois que você sabe o IMC pode colocar ele na curva e observar a classificação.

Eu acho essa caderneta de vacina nova ótima, ela tem muitas outras informações e parâmetros importantes, particularmente eu me divirto preenchendo ela, marco tudo kkkk. Coisa de mãe nerd.

Não sou neurótica com peso, na última vez que ela adoeceu ficou sem querer comer e perdeu peso, mas agora tá uma draguinha para a felicidade da mamãe aqui. Come de tudo (ou quase tudo kkkk ela não come açúcar, farinhas - tipo mucilon, neston, cremogema, etc - chocolate, doces, salgadinhos, danone e afins), não apelei para nenhum suplemento e só com uma dieta saudável ela já recuperou o peso perdido.
E assim vamos, eu e minha magrelinha, espoleta Marina.

OBS: Para quem for mais modernosa que eu tem esse Programa da OMS para acompanhar as curvas de crescimento..

domingo, 14 de julho de 2013

Desidratação em bebês e crianças pequenas: o que fazer?

Esses dias Marina teve seu primeiro episódio de diarreia, a tal virose não queria deixar minha menina em paz. Acompanhei com cuidado, até porque ela estava sem aceitar qualquer alimento, e nos últimos dias até para os líquidos fazia cara feia.

O sinal de alerta veio quando amanheceu e a fralda estava seca, mas como ela estava toda animadinha, tratei de fazer reidratação oral (tentar pelo menos) e dar muito mamar, só que as horas foram passando e nada de xixi. Então, apesar de não ter mais nenhum outro sintoma de desidratação levei para a emergência, chegando lá ela teve que ir para o soro, ainda bem que fui a tempo e deu todo certo no final das contas.

Infelizmente a desidratação ainda é uma das principais causas de óbito evitáveis entre bebês e crianças pequenas. Só para se ter uma ideia, estima-se que em todo o mundo, ocorram 1,3 milhões de óbitos por ano, em crianças menores de 5 anos de idade, devido a doença diarreica e que, aproximadamente, 60% destes óbitos devam-se à desidratação. Isso porque Recém-nascidos e lactentes são mais suscetíveis à desidratação, pois a água representa de 75% a 80% do peso corporal, enquanto no adulto, representa de 55% a 60%

Saber os sintomas, monitorar e tratar a tempo são as medidas mais efetivas para evitar essa tragédia.

Assim, fiquem atentos, os sinais mais comuns da desidratação em bebês e crianças são:

Desidratação - apresentar 2 ou mais sintomas desses: 

Criança se apresenta inquieta e/ou irritada;
Olhos fundos;
Aparenta sede;
Sinal de prega - desaparece lentamente (em até 2 segundos) 
Boca e pele secas, 
Ausência de lágrimas, 
Diminuição da sudorese, 
Diminuição do xixi, ou xixi mais concentrado

OBS: O sinal de prega é feito "beliscando" a pele da barriga da criança com o polegar e o indicador, e contando o tempo que leva para voltar ao normal - Imagem a seguir

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Desidratação Grave - apresentar dois ou mais sintomas desses:

Letargia ou inconsciência.
Olhos fundos.
Não consegue beber líquido ou bebe muito mal.
Sinal de prega - a pele volta ao estado anterior muito lentamente, em mais de 2 segundos
Boca e pele muito secas, 
Ausência de lágrimas, 
Diminuição da sudorese, 
Diminuição do xixi, ou xixi mais concentrado
Moleira afundada.

O que fazer em caso de desidratação?

Iniciar reidratação oral e continuar amamentando em livre demanda. A reidratação oral pode ser feita com soro caseiro ou industrializado, em pequenos goles em intervalos pequenos, também oferecer bastante água.



Além disso procure vestir roupas leves e deixar o bebê em ambiente arejado, não expor ao sol, nem fazer atividades muito agitadas.

AEssas dicas são importantes para serem tomadas de imediato, assim que os pais ou responsáveis percebem a desidratação, isso não exclui a procura por um serviço de saúde para avaliação mais detalhada do caso.

O que fazer em caso de desidratação grave?

Nesse caso a primeira coisa é correr para um serviço de saúde, no caminho amamentar e oferecer reidratação oral. Chegando no serviço de saúde a conduta será realizar reidratação via intravenosa e ir acompanhando a evolução do quadro.

Parece incrível e triste ao mesmo tempo, como uma coisa de identificação tão simples e de tratamento igualmente simples pode matar tanto?

Senti a necessidade de dar esse alerta porque o caso de Marina evoluiu muito rápido, ela não tinha sinais clássicos de desidratação, pelo menos eu pensava, pois estava "espertinha" brincando, andando... só que não! No serviço verificaram que além da ausência de xixi, o sinal de prega demorou um pouquinho para desaparecer, além disso ela estava irritada desde cedo e eu estava atribuindo a irritação apenas ao dentes que estão nascendo.

Outro detalhe, Marina cuspia todo o soro de reidratação oral, aceitava apenas um pouco de água e mamar, ou seja, fiquei mais preocupada ainda e esse foi outro motivo que contribuiu para que eu procurasse o serviço de saúde.

Seguem os links para os protocolos do Ministério da Saúde para o diagnóstico e tratamento da desidratação em bebês e crianças, espero que seja útil.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Marininha não quer comer, e agora?

Esse blog anda um pouco abandonado, nesses últimos tempos, depois que Marina fez um ano, foram tantos probleminhas que aconteceram por aqui, mas agora tudo bem!

Novidades nessa fase são muitas: minha bebezinha, já faz algum tempo, está andando. Está muito mais arteira do que já era, agora deu para escalar tudo, nada é empecilho, sofá, cadeira, brinquedos do play, canteiros e por ai vai... cá para nós eu estou amando tudo isso, acho lindo ver ela feliz vencendo os obstáculos. A cada dia mais palavrinhas entram no seu vocabulário e ela agora deu para falar muito, as vezes sem parar, só que numa língua própria, é muito engraçado.

A preocupação da vez? Bem, pós doença, nascendo dois dentinhos novos, no meio do salto de desenvolvimento, do alto do seus 13 meses Marininha resolveu fazer greve de fome. Ela literalmente, não aceita nada, nadica de nada! Ainda bem que tem o peito salvador, e como mamar ela não recusa, pelo menos sei que está se alimentando. Só fico preocupada, porque tem dias que nem pera (uma de suas frutas preferidas) ela quer comer, coisa de mãe mesmo.



Mas o que será que causa essa variação de apetite? Fisiologicamente, a partir de 1 ano a criança diminui seu ritmo de crescimento então o bebê começa a precisar de menos alimento, como ainda são muito instintivos, naturalmente reduzem a quantidade de alimentos. A isso se somam as doencinhas típicas dessa fase, o nascimentos dos dentes, além dos saltos de desenvolvimento.

Apesar de saber disso, tentei muita coisa para melhorar essa ingesta alimentar, umas deram certo outras não, por isso compartilho aqui algumas medidas que ajudam quando o assunto é melhorar o aporte nutricional de minha pequena:

1. Deixar comer com as próprias mãos, inclusive o almoço. Para isso tenho feito comidinhas que ela pode pegar com as mãos como bolinho de carne e arroz no forno, legumes em palito assados no forno ou vapor, frutas cortadas e por ai vai;


2. Reforçar a alimentação, já que ela come pouco que pelo menos o pouco que come seja nutritivo. Tenho colocado quinoa no arroz (que é integral) e na papa de aveia, tenho usado também gergelim + aveia + quinoa nas massas de pão, bolo ou biscoito caseiros que ofereço a ela. Dar preferencia a frutas mais calóricas: manga, abacate, banana, açaí.

3. Não insistir, não forçar. O que aprendi foi, ficar forçando não dá resultado, ela estressa, eu estresso. Imagina como deve ser ruim uma pessoa enfiando comida na sua boca quando você tá realmente sem vontade de comer? As vezes rola uma distraçãozinha para a primeira colherada, só para ela provar, porque notei que as vezes ela tem "preguiça" de começar a comer, e é só. Muitas vezes quando faço isso ela sente o gosto e gosta da comida ela continua a comer, mas se não quer não insisto.


O perigo de forçar a comer é a criança associar a alimentação a algo ruim, estressante, ai sim teremos um problemão! Comer deve ser um prazer, se é assim comigo porque com meu filho deve ser diferente?

4. Ser regular na forma e horários que oferece alimento, não precisa de uma rigidez militar, mas um pouco de ordem é bom. Por aqui ela mama leite materno em livre demanda quando estou presente (e tem mamado muito principalmente quando está doente) e a rotina alimentar é mais ou menos assim:

- 06:00) Acorda e mama na cama ainda;
- 07:00) Café da manhã (fruta em pedaços + suco natural + pedaço de pão integral (na maioria das vezes) ou outro carboidrato;
-10:00) Lanche: fruta ou suco (as vezes também uma bolacha);
- 13:00) Almoço: 1 carboidrato complexo + 1 proteína (ela prefere carne vermelha, mas estamos insistindo em frango e peixe) + 3 tipos de legume + fruta ou suco;
- 16:00) Frutas batidas com leite (estou usando o integral tipo A ou a forma láctea Aptamil 3 que é menos ruim que o Ninho fases)+ aveia+ gergelim+quinoa
- 19:00) Jantar: mesmo do almoço ou papa de aveia com frutas,sopa, macaxeira, inhame, ou batata doce.
- 20:00) Hora de dormir: mamar.

Parece muita comida? Mas não é, as porções são de bebê, então quando falo em fruta estou falando de no máximo dois pedaços de pera ou metade de uma banana e só, ele não aguenta mais. A comida salgada a mesma coisa, porções bem pequena, o equivalente a quatro colheres de sopa cheias, e na maioria das vezes ela não come tudo.

O volume maior de suco foi inclusão recente, até 1 ano evitava ao máximo, preferia a fruta por entender que o aporte nutricional e calórico era maior. Mas quando tá sem apetite o suco acaba sendo melhor aceito, assim sempre dou um jeito de reforçar (não uso açúcar nem água, uso mais de uma fruta quase sempre).

É claro que isso é o que eu ofereço, está longe dela comer isso tudo, mas permaneço com a rotina, mantendo a regularidade.

5. Comer não é só para matar a fome, é um ato social também. Então procuro estar com ela a mesa nas refeições, comer junto nem que seja só um pouquinho. Como trabalho fora durante a semana faço isso nos cafés da manhã e jantares, aos finais de semana sentamos em todas as refeições, inclusive lanches.

6. Não transformar comida em prêmio, nem oferecer qualquer coisa só porque seu filho não está querendo comer. Sei que a tentação é enorme, mas que adianta comer biscoito recheado e refrigerante? Tá só consumindo caloria vazia, sem nutriente. Não ofereço danoninho, açúcar, chocolate, biscoito recheado ou wafer, refrigerante, suco industrializado, neston, farinha lactea, mucilon, maisena, salgadinho ou qualquer dessas besteiras. Claro, uma hora ela vai pedir, e quando pedir vou dar porque não acredito em nada que seja tão severo, mas claro que esse tipo de alimento será exceção.

7. Não esquecer que seu filho é único, não dá para ficar comparando, isso só vai elevar seu stress, ainda mais se seu filho for feito a minha que é magrinha. Cada criança come o que precisa, nós adultos é que "aprendemos" a comer sem necessidade só por gula. Cuidado também com a opinião dos "especialistas" dia desses na emergência a pediatra que atendeu Marina disse:

"Só 8 quilos? Ela deveria estar pesando uns 10... " Nessa hora fiz cara de alface, porque estava muito mais preocupada com a saúde de minha filha. Mas cá para nós, que opinião sem nexo é essa, ela acompanhou a curva de crescimento de Marina? Calculou seu IMC para ver se ela estava com baixo peso? Porque peso por si só não é parâmetro de nada. Cada criança tem um ritmo de crescimento, Marina sempre aumenta de altura e peso, mas sempre esteve entre os 25% mais magros da curva, ou seja, normal. 

8. Muita, muita paciência e entoar o mantra: "É uma fase e vai passar" também ajuda.