terça-feira, 29 de setembro de 2015

Vamos brincar?







Café da manhã - piquenique na sala.
Usei a manta do sofá como toalha, de resto
Temos nosso café normal.

Por um mundo com menos brinquedos e mais brincadeiras.


Uma das coisas que mais fazemos aqui nessa casa é brincar e inventar brincadeiras, das mais diversas e variadas. Além disso inventamos fantasias e brinquedos com tudo o que temos disponível.

Já experimentaram deixar seu filho guiar a brincadeira? Se nunca fizeram experimentem. Vão ficar espantados com a capacidade deles de construir uma narrativa, inventar uma história, achar um novo uso para um objeto e assim por diante... Marina me espanta muito, fico maravilhada com toda essa criatividade e imaginação, características das crianças.

Pinturas com tintas, lápis de cor ou giz de cera são sucesso absoluto.








Para ela fraldas velhas podem ser desde capas de super-heroínas ou princesas, vestidos, slings, ou até cauda de sereia... basta amarrar de uma forma diferente. E o que dizer do papelão, bem o papelão é mágico, tem infinitas possibilidades, uma boa caixa, de bom tamanho, garante diversão por vários dias. Já fizemos muitas coisas, de móveis para apoiar brinquedos, casinha de boneca, carro, barco e hoje acabamos de pintar o que vai ser amanhã um teatro de fantoches.

Se não convenci ninguém até agora do poder fantástico do brincar aqui vão meus motivos enumerados:







Imitando a mamãe e o papai nas atividades
 da vida prática bem ao estilo Montessori.
1. É muito bonito, ver o brilho nos olhos e a empolgação com cada novidade que inventamos;

2. Ouvir "mamãe você faz?"ou ainda "mamãe vamos fazer?" ao invés de "mamãe você compra", dá um orgulho danado (o efeito colateral é que a pequena criatura acha que a mãe sabe fazer tudo e as vezes quer que eu faça algo que não consigo - hehe)

3. As crianças passam a dar mais valor as coisas simples, passam a querer consumir menos , ou seja, você tá no caminho de criar um consumidor mais consciente.

4. Vocês terão horas muito felizes juntos, estreitarão ainda mais sua relação.

5. Cada brincadeira/brinquedo traz consigo um desafio, uma qualidade ou uma habilidade que pode ajudar e muito no desenvolvimento do seu pequeno (mas sem forçar a barra, certo? não precisa ficar direcionando a brincadeira para desenvolver essa ou aquela habilidade)

6. Quando brincamos com eles, eles não pedem para ver TV. A TV ocupa um lugar grande na vida dos pequenos por conta do ócio e não por vontade, se tiverem que escolher entre brincar e ver TV vão querer brincar.

Poderia citar muitos outros motivos, mas esse já são muitos. Uma única caixa de papelão  + uma mamãe/papai/cuidador receptivo ao brincar podem operar verdadeiros milagres. Deixo vocês com algumas ideias, já testadas e aprovadas aqui em casa.


Caixa de papelão pode virar:

1. Carrinho, barco, avião;
2. Casinha de boneca, barraca, castelo, casinha,
3. Teatro de fantoches;
4. Nicho para por brinquedos;
5. Base para jogos de tabuleiro e encaixe;
5. Robôs, dinossauros e tudo mais que a imaginação permitir.

Teatro de fantoches com caixa de papelão e
personagens desenhados ou impressos em cartolina.

Fita adesiva é ótima para fazer trilhas, marcar circuitos, fazer pistas para carrinhos.

Tecido pode virar qualquer fantasia, ou servir para fazer rede ou slings para as bonecas. Pedaços de tecido grande ou fitas também são ótimos, Marina, Leia e Ester brincam muito com eles, fazendo verdadeiras danças com as fitas no ar, parece muito com ginástica rítmica, só que com uma cadência própria das meninas.

E os utensílios de casa potes, vasilhas, talheres e panelas...viram instrumentos, prédios e até a "caixa de vidro da Branca de Neve (palavras de Marina)"

Meias que viram patins para patinar na "neve" alagoana :)












E tem mais uma infinidade de coisas, basta querer, não precisa de talento, só precisa se permitir, se deixar levar e não ter medo do ridículo, até porque não há ridículo. 


Eu acredito que brincar é para a criança, assim como o leite materno é para o bebê, fundamental, necessário, vital. Assim vou começar uma campanha aqui no blog, vou tentar postar esse mês que vem uma brinacdeira e um brinquedo para fazer em casa com os pequenos, que tal?


Vamos dar esse presente as nossas crianças? Que tal separar ao menos uma brincadeira especial por semana para fazer com os pequenos?

















segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A culpa é da mãe!

Se tem uma coisa que caminha de mãos dadas com a maternidade é a culpa. Começa já na gravidez e acredito que perdure a vida toda... mas vocês já se perguntaram porque sempre tanta culpa? Porque sempre a mãe?

Recentemente vem rolando nas redes sociais a foto de uma menina de dois anos, linda, linda... do antes e depois dela, ao alisar os cabelos. Eu como a maioria das pessoas acho um absurdo alisar os cabelos de uma menina assim, pelo risco da química, pela desconstrução da sua identidade, pela valorização de um padrão de beleza eurocêtrico e porque o cabelo dela era lindo demais :)

Mas cá para nós, alguém ai leu os comentários? A mãe só não foi chamada de santa como diria minha avó. Desqualificaram ela e a maternidade que hora ela exerce. Eu não estou aqui defendendo que os pais podem fazer o que querem com seus filhos... longe disso, acredito que as crianças são pessoas com identidade própria e o que eu como adulto devo fazer é guiá-la, mas sem ferir sua dignidade e ajudando-a a se descobrir, não é essa a questão. A questão meus caros reside em outra esfera.

Ninguém conseguiu ter o mínimo de empatia com aquela mãe, qual é a história de vida dela? Porque ela valoriza tanto um certo padrão estético a ponto de expor sua filha tão pequena a tecnicas de alisamento? Será que ela realmente não acredita que estava fazendo o melhor para sua filha? Que estava a protegendo de sofrer preconceito? A ser mais aceita? Ou essa não é uma realidade em nosso país?

Eu sou considerada branca pelo padrão brasileiro (la fora nunca seria considerada branca, não é engraçado?) Não sei o que é ser discriminada pela minha cor, pelo meu cabelo, sofri e sofro outros tipos de preconceitos, mas este não. Porém não é por isso que eu não reparo no preconceito sofrido diariamente por colegas, amigos, parentes, que são negros. Certamente estou loge de realmente sentir isso na pele, mas não sou babaca ao ponto de negar que exista preconceito racial no Brasil.

Dito isto, retorno a questão da mãe da menininha, vi muita gente comentando, mas quase ninguém pensou nessa perspectiva que aqui apresento, ao contrário não pouparam palavras para xingar a mãe.

Isso mexe comigo, porque sempre percebo esse movimento, de culpar a mãe e só a mãe, é tragicômico: se uma menina engravida na dolescência perguntam logo cadê a mãe?, se há um menor infrator, a culpa é da mãe, se decide ter muitos filhos e é pobre, é uma vaca parideira, preguiçosa que quer viver do bolsa família, se amamenta um bebê maior, tá prejudicando o filho que vai ficar muito dependente, se não amamenta não é boa mãe e por ai vai... não importa o que faça e o que aconteça a culpa é sua mãe!

Nisso tudo, só lembrei de uma entrevista com a mãe do Bolsonaro, tadinha, uma senhorinha de seus 80 e la vai... tendo que se justificar publicamente pelo comportamento de um marmanjo.

É inegável a influência que temos na vida de nosso filhos e por conseguinte nos adultos que eles se tornam, mas vou revelar um segredo importante, crianças também tem pais! Preparados para mais uma? Elas também tem avós, tias e tios, irmãos, professores, babás e toda uma rede de pessoas que interagem com ela. E por ultimo, seres humanos são, em parte, reflexo do contexto social e cultural (familiar, religioso, acadêmico e etc) no qual se inserem, e as mães, por incrível que pareça também são seres humanos.

Então minha gente, mais amor e menos ódio, mais empatia pelo próximo. Entendo que temos que defender o mais vulnerável sempre (nesse caso a criança) mas existem "N" formas de fazer isso, e atarcar a mãe não vai ajudar em nada... 

Não é uma questão de dizer "culpa não" de forma desconexa e irresponsável, como na campanha daquela famosa revista. Ao contrário, é saber que a criança é um ser em formação, ela deve ser prioridade para todos, mas quando as coisas não "andam como se espera"não adianta apenas jogar pedra na mãe, vamos ver outras formas de mudar a realidade? Informação, educação e empoderamento não se transmitem por osmose, então meus caros acolham e ajudem... só assim mudamos a realidade.