segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vamos falar de Violência Obstétrica?


Ontem, 25/11/12 foi o dia Internacional Pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, dentre as inúmeras violências que são cometidas contra as mulheres está a violência obstétrica, talvez um dos maiores problemas desse tipo de violência é que, ao contrário da agressão física ou do estupro, ela é institucionalizada, praticada livremente e o pior, na maior parte das vezes sem punições para aqueles que a praticaram.

E o que é violência obstétrica? Será que fui vitima dela? Por incrível que pareça o sistema de atendimento a parturiente é tão mecanizado, tão alheio a própria mulher que, muitas vezes somos vítimas, sentimos que algo não está correto, mas não conseguimos classificar esses atos.

A informação, o empoderamento da mulher são as principais ferramentas nessa luta, pois a violência pode ocorrer de muitas formas, durante a pré-natal, atendimento de emergência, parto, pós parto... O que mais choca é que algumas práticas são tão institucionalizadas que nós nem chegamos a contestá-las, durante minha gestação passei por três obstetras antes de chegar a minha médica.

A primeira que procurei com 8 semanas de gravidez, me olhou, perguntou a data da última menstruação, calculou a data provável do parto e me disse, posso ficar com você porque vai nascer entre final de maio e começo de junho, se for depois não posso pois estou de viajem marcada, assim posso agendar sua cirurgia para a primeira semana de junho. Saí de lá bufando de raiva, imagina, nem opção me deu, eu gestante de apenas 8 semanas, como assim indicar uma cesárea eletiva apenas para não atrapalhar suas férias. A segunda, com 10 semanas, realizou minha consulta em menos de 10 minutos, não fez exame físico e não me deixou falar, falava, falava, falava e não consegui abrir a boca. Saí de lá desanimada, e muito preocupada em arranjar um obstetra com que eu pudesse realmente contar. Na terceira, com 12 semanas foi pior, durante a consulta ela foi com o aparelho ouvir os batimentos cardíacos do bebê e não conseguiu, mexeu, mexeu e nada. Daí ela saiu da sala com cara feia e me deixou lá deitada na maca, durante o período que fiquei lá (que para mim pareceu uma eternidade) sofri muito achando que tinha algo errado com o bebê, do nada chega ela com uma enfermeira reclama: “_Olha o aparelho tá quebrado eu já disse que é para...”            Quando eu falei para ela que tinha ficado assustada porque ela tinha saído da sala daquele jeito ela ainda fez piada de mim dizendo que mãe de primeira viajem era muito exagerada. Saí de lá muito triste e com medo de não encontrar ninguém capaz de simplesmente conduzir uma consulta com humanidade e respeito.

Na mesma semana encontrei uma amiga que me indicou uma obstetra e lá fui eu, o plano não cobria, mas era minha última esperança. Durante a consulta ela sempre me pareceu competente, segura e o melhor sempre disse que respeitaria minhas opções. A gravidez transcorreu sem problemas, até que na 36ª semana minha bebê não tinha encaixado ainda, ela me disse que provavelmente não iria encaixar, mas que poderíamos esperar mais. Na 37ª semana fiz um exame de ultrassom e nele foi detectado que a frequência cardíaca da minha bebê estava oscilante, horas normal, horas muito baixa e essa foi a indicação para uma cesárea eletiva realizada com 38 semanas e 6 dias. Fiquei com muito medo, pois fui informada que minha bebês estava em sofrimento e não aguentaria o parto, então fiz o que a maioria de nós faria, confiei no médico que me acompanhava. O dia do nascimento da minha filha não foi nem de longe o que eu sonhava, fiquei o dia internada todo no hospital a espera da hora da cirurgia, no momento da cirurgia eu tremia muito de medo, fui amarrada na cama, tive enjoos e falta de ar com a anestesia. Iniciaram a cirurgia e nem me avisaram, quando pedi para levantar por causa da falta de ar eu já estava aberta e nem sabia, meu marido me acompanhou, mas só vi rapidamente minha filha que foi levada para os primeiros cuidados. Foi muito frustrante não dar de mamar na hora que ela nasceu. Ela teve certa dificuldade para respirar (talvez por causa da cesárea eletiva) e demorou muito a vir para mim que passei a primeira noite com minha filha ao lado, mas sem poder pegar nela.

Durante esse tempo todo algo me incomodava muito e eu não conseguia nomear bem, mas logo depois lendo mais e me empoderando, vi que caí no modelo do sistema, até hoje não tive coragem de ir a fundo e verificar se passei por uma cesárea ou uma desnecessária, logo eu, depois de tantas idas e vindas, de tanto defender um parto normal. Ainda não abri a caixa de Pandora, estou trabalhando isso e sei que na hora certa vou conseguir.

Sei que meu relato não é nem de longe tão chocante quanto muitos outros, que tive a sorte de ter meu marido do lado, mas mesmo assim algo me incomoda e muito. Todo o dia mulheres são desrespeitadas, seus corpos são amarrados na sala de parto, são obrigadas a ficar deitadas quando seria muito mais confortável sentar, andar ou agachar.

A episotomia não é normal e não é necessária em todos os partos vaginais, porém elas são feitas sem nem comunicar a mulher. Não são necessários soro, ocitocina, anestesia ou fórceps na maioria dos casos, mesmo assim os médicos continuam a realizar essas práticas como se fosse um protocolo, sem nem falar com a mulher. Amamentar e ter nossos filhos nos braços logo após o parto são direitos nossos, a presença de um marido, amiga ou parente também. Fora os direitos óbvios como o pré-natal e a assistência adequada durante o parto, que ainda são negados a muitas usuárias do SUS e também do sistema privado, pois ter um plano de saúde de nada adianta diante desse modelo assistencial injusto que temos.
Como falei antes a informação é o melhor remédio, então compartilho aqui o vídeo: Violência Obstétrica a Voz das Brasileiras, documentário realizado de maneira espontânea e voluntária por:

- Bianca Zorzam, obstetriz, aluna de mestrado do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
- Ligia MoreirasSena, bióloga, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina, autora do blog Cientista Que Virou Mãe; 
- Ana CarolinaArruda Franzon, jornalista, aluna de mestrado do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo e co-editora do blog Parto no Brasil;
- Kalu Brum, jornalista, doula e co-editora do blog Mamíferas.
- Armando Rapchan, fotógrafo e videomaker.

Assistam, informem-se, sensibilizem-se com as histórias dessas mulheres que infelizmente estão longe de ser exceção.


Sabrina Neves.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Amamentar? Sim! Afinal somos todos mamíferos, não?




Assim que me descobri grávida eu tive a certeza de que iria amamentar meu filho(a), para mim essa era uma questão que nem merecia discussão de tão obvia que me parecia. Afinal amamentação não é forma natural de alimentar um bebê? Como poderia ser diferente?


Passaram-se os nove meses, minha Marina nasceu e era chegada a hora! Fácil assim? Quem me dera. Só com minha bebê nos braços é que percebi que sabia de tudo sobre a gestação, semana a semana, mas não sabia nada sobre como cuidar de um recém-nascido, claro tinha meus instintos e achava que só isso bastava, mas logo vi que seria uma tarefa mais árdua que imaginava.


Logo de cara veio o terrorismo: “- Você não vai ter leite, só sai esse pouquinho...” Ainda bem que a obstetra ao me dar alta deu umas orientações sobre o colostro e sobre a apojadura (descida do leite) que demoraria um pouco, uns quatro dias, mas que tudo bem isso é normal. Então me mantive firme em não deixar dar leite de vaca nem mamadeira, passaram-se os dias e o leite finalmente desceu e veio muito, muito mesmo.

Mas como nem tudo na vida é fácil meus dois seios empedraram e racharam, feriram muito, toda vez que minha bebê ia mamar doía muitíssimo, e apesar de algumas opiniões contrárias me mantive forte. Mesmo com dor, amamentar para mim sempre foi uma satisfação. Demorou um mês para conseguir cicatrizar e amamentar sem dor, mas consegui.

Pensei, agora sim, ela tá mamando bem, não dói mais tudo tranquilo. Daí veio o terceiro problema. Ela não estava ganhando peso suficiente (segundo a pediatra), e ela foi bem clara em dizer que se não fosse infecção urinária ela entraria com complementação na próxima consulta. Pensei: Como assim? A mãe sou eu, já me deram um monte de pitacos, permaneci calada seguindo meus instintos para não magoar ninguém, agora me vem essa médica com mais essa! Decidi então fazer o exame para diagnosticar e tratar a infecção urinária, mas se algum complemento alimentar fosse prescrito não só não usaria como também mudaria de pediatra.

No fim tudo deu certo, ela voltou a ganhar peso e não se falou mais do assunto, porém um dia desses uma vizinha me perguntou: Ela AINDA mama? Eu acho que até fiz cara de paisagem... hehe, pensei: - Como assim, ela é uma bebê de cinco meses claro que ainda mama! Mas me contive e disse sim. Não satisfeita ela emenda, esse aqui (apontando o bebê no carrinho) eu comecei mingau logo no segundo mês, dar de mamar sacrifica muito a mulher. Oi? Como é? Sacrifica quem? E a criança?!!!!... 

Depois desses fatos me bateu a curiosidade e fui ver entre conhecidos e vizinhos quem tinha amamentado o filho e por quanto tempo e o resultado me deixou desanimada. Claro que eu já sabia que o aleitamento exclusivo no Brasil não era lá essas coisas, mas a maioria dos casos que vi foram de aleitamento quase inexistente, e o pior com base em justificativas totalmente transloucadas. Por isso resolvi compilar algumas dicas que eu queria ter lido ainda na gestação, se servir para uma mamãe para mim já tá valendo.

O leite materno é o único alimento para seu bebê. É isso mesmo, não é só o melhor, é o único, as formulas lácteas são meras substitutas, com a tecnologia melhoraram muito, mas ainda são substitutas. Pense bem, seu bebê é da espécie Homo Sapiens, por isso tem necessidades nutricionais, imunológicas e afetivas diferentes das de um bezerro. O leite de vaca é ótimo, mas para o bezerro, as quantidades de gordura, água, sais minerais, vitaminas... são diferentes, mesmo que os fabricantes das famosas fórmulas tenham ajustado, lembre-se tudo isso é artificial. Outro pequeno detalhe é que a proteção imunológica só existe no leite materno e se o aleitamento for EXCLUSIVO, pois a administração de qualquer outra substância compromete a ação de imunidade de seu leite. Por isso não deem água, chá e nem vitaminas desnecessárias, seu leite é tudo o que o bebê precisa.

Precisamos sim aprender a amamentar. Antigamente isso não era problema, pois as mulheres mais velhas passavam esse conhecimento para as mulheres mais novas, porém hoje em uma sociedade medicalizada, que vem de uma geração ao ter alta da maternidade recebia de brinde uma lata de leite, em que os médicos era categóricos em afirmar que a fórmula substituía sem problemas o leite materno, perdemos esse conhecimento. Nossas mães infelizmente não mais passam esses conhecimentos, ficamos a mercê de obstetras, pediatras e enfermeiras que muitas vezes mais atrapalham que ajudam. Na maioria das vezes o problema não está na produção de leite e sim na pega, mas uma mãe recém parida muitas vezes não encontrar forças (principalmente por causa dos pitaqueiros de plantão) para buscar informações, e nem todo lugar tem banco de leite. O que acaba acontecendo é que desistem de amamentar.

Uma dica preciosa é: exija que seu bebê mame logo depois do parto! Eles nascem com instinto de sucção mas vão perdendo se demoram muito para vir para nós. Com cuidado e paciência eles acabam pegando o peito, mas é muito mais sofrido. No meu caso, infelizmente não aconteceu, eles a levaram para os cuidados “padrão”, ela teve problemas para respirar e daí demorou par vir para mim, desconfio que isso levou aos primeiros problemas de pega.

O leite materno não é só alimento, é antes de tudo amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor, palavra, sentido... é lindo não é! É da Laura Gutman no seu livro “A Maternidade e o encontro com a própria sombra”, falarei desse livro depois. Ela conseguiu dizer tudo o que eu sentia e não conseguia expressar com palavras. Com minha filha nos braços, mamando senti isso, bebes não precisam só de alimento, antes de tudo precisam de amor, e amamentar transmite esse amor. E sabe o melhor? É uma via de mão dupla, não há nada mais gratificante que o sorrisinho ainda com o peito na boca, que conseguir acalmar seu bebê com uma boa mamada, que deixar ele repousar placidamente em seus braços depois de mamar, que sentir seu cheirinho bem perto, seu olhar de felicidade e  sua boquinha se abrindo só de se aproximar de você, é muito bom.

Tenho muito mais a dizer sobre amamentação, mas falarei disso em outro post porque esse ficou longuíssimo e marina acordou, e agora é dela minha total atenção.

Sabrina Neves.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eu não bato no meu filho, dou o exemplo - Sabrina Neves.




Recentemente, com o nascimento da minha pequena entrei de cabeça no universo da maternidade,  e junto com ela veio uma sede enorme de conhecimento, uma vontade muito grande de fazer a coisa certa, de fazer de minha filha uma criança feliz. Minha empatia por todas as crianças aumentou em níveis astronômicos, fico triste com o sofrimento de crianças, feliz com sua felicidade, me pego projetando minha filha em todos e pensando e se for com ela?

Tomei algumas decisões, e a primeira delas foi educar minha filha sem o uso da violência, confesso que antes de ser mãe nem tinha pensado nisso, mas com minha filha nos braços tudo mudou, não suporto a ideia de usar a violência contra esse pequeno ser que amo tanto. Não, não sou uma tola sonhadora, sei que perderei a paciência com ela, que ela provavelmente fará birra, brigará com coleguinhas, não vai querer comer tudo, vai querer chocolate antes do almoço... sei de tudo isso, mas sei também que a adulta sou eu e que ela é uma criança e por isso eu é que tenho que educa-la.

Quando falo de educar penso realmente no que essa palavra significa, educar vem do latim "educare", por sua vez ligado a "educere", verbo composto do prefixo "ex" (fora) + "ducere" (conduzir, levar), e significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o mundo. Agora me digam, quando foi que inventaram que educar é igual a bater, que se não apanhar fica mal educado?  Se educar significa prepara o indivíduo para o mundo, então antes de tudo precisamos ensinar empatia para nossos filhos, pois nenhuma sociedade sobrevive se cada um pensa só em si e não se põe no lugar do outro. Mas para ensinar empatia temos que ter empatia e nos colocarmos no lugar dos nossos filhos, e foi esse exercício mental que fiz.

Estava ninando minha pequena, ela dormiu com a mãozinha em meu seio, enquanto olhava meu pequeno ser lá aconchegada nos meus braços, tão frágil, tão dependente de mim comecei a pensar nela maior, e se eu batesse? Mas poxa, eu sou mamãe, de mim ela espera aconchego, segurança, e eu, justamente eu, essa pessoa que tem um papel tão importante na vida dela, como poderia agredi-la? Não fui educada apanhando, ao contrário, sempre tive muito amor e carinho, foram poucos tapas que levei, mas me recordo de cada um deles, justamente por minha mãe ter sido uma mãe assim tão carinhosa, é que nas poucas vezes que levei um tapa ou um grito mais alto isso realmente doeu na minha alma. Não quero esse sentimento para minha filha, de forma alguma.

É muito fácil para as pessoas reproduzirem suas vivências sem refletir, estou cansada de ouvir: “Eu apanhei e nem por isso fiquei traumatizado...” , “Melhor apanhar dos pais quando criança do que da polícia mais tarde”, “É por isso que hoje em dia os filhos não respeitam os pais, é porque não apanharam”, e mais uma série de frases feitas, repetidas por gente que não se dá ao trabalho de refletir sobre o que está falando.

Primeiro, a palmada só resolve a raiva dos pais, já vi gente que não tomou nenhuma atitude quando o filho fez algo sério, mas quando a criança fez algo que o irritou apanhou, mesmo sem “merecer”. Partindo desse pressuposto, quando me irrito e bato em meu filho só estou ensinando a ele que podemos descontar a raiva agredindo as pessoas.

Segundo, palmada não educa, amedronta. A criança “aprende” a temer a reação dos pais, por isso não espere que seu filho vá lhe contar apenas a verdade, pois o medo fará com que lhe esconda coisas.

Terceiro, eu é que sou a mãe então é minha obrigação conhecer um pouco sobre as fases de desenvolvimento das crianças, e sobre educação. Não digo que todos tem que virar experts, mas a obrigação é nossa sim! A informação existe, está disponível, você é o adulto responsável, então não tem desculpa, informe-se. Já vi pessoas baterem em crianças de menos de dois anos, por causa de um objeto que a criança queria muito e fazia “birra”, se tivesse tido o cuidado de entender melhor seu filho saberia que com essa idade a criança ainda não está neurologicamente madura para controlar seu comportamento, então é perfeitamente normal que chorem quando não deixamos mexer em um objeto que tanto desejam. Assim, cabe ao adulto ajudar a criança, mudando o foco e conversando.

Quarto, podemos sim educar sem bater! Diálogo e empatia para com vossos filhos podem ajudar muito. Vamos refletir um pouco, sempre que você diz não para seu filho tem um motivo real? Por exemplo, a criança está entediada em casa e pede para ir brincar lá fora e você diz não, que é para ela brincar com seus brinquedos no quarto. Se a mãe ou pai não tem algo realmente importante para fazer, me digam por que não pode brincar lá fora? Será que não é o adulto que está com preguiça de sair? Porque tantos nãos? Economizem nos nãos, deixem eles para as coisas realmente importantes, assim como seus filhos vão saber que devem valorizar quando vocês disserem não? Ouvem isso todos os dias, um a mais um a menos não fará diferença. Tentem ver sob a perspectiva da criança, uma coisa que para nós é banal para eles pode ser muito importante.

Quinto, seu comportamento conta muito. Nossos pequenos se espelham em nós, somos seus exemplos, se falamos palavrão eles vão falar, se gritamos eles vão gritar, se batemos eles vão bater. Não creio que meu caráter foi formado nos poucos momentos em que levei uns tapas, ao contrário, meu caráter foi formado observando meus pais e sua conduta. Sinceramente não acho que a cadeia está cheia de pessoas que foram amadas e acolhidas pelos seus pais, ao contrário acho que a cadeia está cheia de pessoas que infelizmente quando crianças apanharam e tiveram pais ausentes e negligentes. Sim claro, vocês podem me citar um ou dois exemplos de pessoas que foram "bem criadas" e se tornaram criminosos, mas toda regra tem exceção, se olharmos as estatísticas veremos que a maior parte dos presidiários foram crianças que apanharam sim, além disso foram negligenciadas pelos seus pais (Altoé, S, 2009).

Não, não vivo num comercial de margarina, sou humana e provavelmente vou perder a paciência, nesses momentos optarei por me afastar e me acalmar, pois se não posso bater no meu chefe ou no meu marido quando tenho raiva deles, e nesses momentos me controlo, porque não posso fazer isso com minha filha? Alias meu chefe e meu marido podem se defender, são maiores que eu, mas minha filha é frágil, pequena e dependente de mim, e justamente ela é que vai apanhar? Não acho isso correto. Sei que não é fácil, mas a decisão tá tomada, sou a mãe, sou a responsável, sou adulta, minha filha é criança, tem o direito de ser amada, protegida e educada por mim. Não se bate em quem se ama, simples assim.  

Sabrina Neves.

Referências:

Altoé, S. De “menor” a presidiário a trajetória inevitável? Biblioteca Virtual de Ciências Humanas do Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais - www.bvce.org, Rio de janeiro, 2009.