quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Somos todos culpados.



Estou no meio de um tantão da trabalho, e geralmente aproveito as sonecas de Marina para trabalhar, mas desde ontem a noite que estou angustiada com uma notícia que li em um grupo que participo no Facebook.

A morte de um inocente (nesse caso uma criança de dois anos), por maus tratos e espancamento sempre mexeu comigo mas agora que sou mãe doí, doí, doí no fundo da minha alma. Como já disse aqui me pego projetando, pensando na minha filha ou nas minhas crianças amadas (Léia, Estér, Ana Bela, Gabriela, Natália, Erique, Gaby, Clarina, Ítalo, Luann e Suellen) e se fosse com eles, não dá para aceitar.

Aqui está a matéria na íntegra, não quero repetir fatos tão tristes, mas me pego pensando o que realmente é importante para essa nossa sociedade, de quem é a culpa? Apesar dos avanços alcançados após o Estatuto da Criança e do Adolescente, do trabalho do Conselho Tutelar ainda não conseguimos evitar essas tragédias.

O que acho mais triste é que todo dia muitas crianças morrem assim, mas não gera comoção nacional como foi o caso da tragédia da boate em Santa Maria, não quero aqui dizer que o que aconteceu lá foi menos importante, não é isso. A questão é que aceitamos, me envergonha dizer, mas aceitamos.

O caso de Santa Maria levou a muitas ações do corpo de bombeiros pelo país afora, a interdição de muitas   casas de show; quando cai um avião logo as leis são mudadas, aviões mais seguros são construídos, mas quando morre uma criança dessa forma ninguém discute, ninguém procura se movimentar para mudar as leis, as práticas. Me parece uma tremenda covardia de nossa parte e me incluo ai.

Quem fiscaliza o conselho tutelar? A criança já tinha sido abandonada pela mãe uma vez estava com o pai que pediu vaga em uma creche. Não tinha vaga na creche, estamos em Maceió aqui faz até vergonha a quantidade de vagas nas creches municipais, isso se repete pelo país afora... E mais uma vez de quem é a culpa? A creche é um direito, talvez se ele estivesse lá e não trancado há dois dias com dois irmãos de 11 e 13 anos não tivesse apanhado até a morte. Mas ninguém se manifesta, ninguém faz passeata por mais vagas de creche, por melhores escolas.

Estamos em uma zona de conforto (me incluo ai também) temos com quem deixar nossos filhos, temos um teto, alimentos, esclarecimento pada dar amor e carinho, não dependemos do estado. Claro que a violência contra a criança pode acontecer em vários contextos sociais, mas em muitos dos casos vem junto com uma realidade social e familiar iníqua, falta de tudo inclusive de humanidade, dignidade. Então temos por onde começar!

Sou contra culpabilizar e taxar as pessoas por causa da condição social, então não acho que o problema é o balsa família (na maioria das vezes é até solução), nem a falta de religião (que o digam o filhos de quem segue literalmente os ensinamentos da "vara" da Bíblia), acho que é um conjunto de fatores. Mas acho também que quando uma criança morre ou é espancada assim a culpa não é só do agressor, é de todos, do Estado que não tem instituições sólidas para cuidar com seriedade da questão infantil e de nós cidadão de bem que ignoramos e seguimos nosso caminho como se nada tivesse acontecido.

Estou profundamente magoada, esse menino vivia em Maceió, bem pertinho de mim e eu não fiz nada, claro que eu não sabia, mas não saber é desculpa? Será que não temos que nos meter sim? Nos engajar, fazer o que for possível, sei lá... fazer alguma coisa para que mais crianças possam ser apenas crianças, sem medos, traumas e aflições.

Desculpem o texto triste e indignado, mas precisava falar, sei que é pouco, que não vou mais ajudar esse menino, mas precisava falar. Nesse momento minha filha dá seu cochilo matinal, depois de ter brincado, se alimentado, tomado banho e mamado, e é claro eu ninei até ela dormir, essa deveria ser a realidade de todas as crianças.

"Caro menino de nome não divulgado não te conhecia mas choro sua morte, você tem os mesmos olhos inocentes de minha filha só não teve a sorte de ter sido acolhido em um lar afetuoso. Mas que absurdo não é? Não era para você contar com a sorte era para ser um direito seu! 

Me desculpe, não fiz nada para te ajudar, nós não fizemos nada! Nem seus pais, nem os vizinhos, nem a família, nem o Estado. Espero sinceramente motivar algumas boa pessoas a ajudar outras crianças como você, eu já estou motivada, um pouco perdida, mas espero já, já me achar. Quero crer que você foi para um lugar melhor, não sei se consigo, não acho que isso deva ser consolo! Nada apaga que você teve seu sagrado direito a vida e a infância roubado"

Com pesar,
Sabrina Neves.






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