terça-feira, 9 de junho de 2015

Nossa experiência com a amamentação e o desmame

Antes de começar quero deixar bem claro que sou a favor do aleitamento materno em livre demanda, exclusivo até o sexto mês e continuado por dois anos ou mais, vou tentar aqui relatar como foram nossos 2 anos e 8 meses de amamentação.

Para inicio de conversa, nossa história de amamentação não começou nada bem, tive com rachaduras nos seios, e a pega estava incorreta, tudo causado pela falta de orientação na maternidade, dos médicos e enfermeiros que nos acompanharam. Mas minha vontade de amamentar, e a certeza de que o leite materno era o melhor alimento para minha filha me fez ir  atrás de informação, mesmo que de forma tardia pois já estava com minha filha nos braços, isso deveria ter sido feito ainda durante a gravidez. Encontrei ajuda em blogs e grupos virtuais de apoio a amamentação. Para além do mundo virtual os bancos de leite oferencem esse tipo de orientação de forma gratuita e são ótima opção, aqui segue o link da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, vale a pena dar uma conferida em qual é o mais próximo de sua casa.

Depois de acertar a pega e curar as rachaduras, em mais ou menos 10 dias já estava tudo certo. Para as rachaduras nada de pomada, o melhor é passar o próprio leite após a mamada, um banhosinho de sol e evitar umidade, por isso esqueça as conchas de amamentação, minha obstetra me ensinou a usar peneiras pequenas dentro do sutiã (fica horrível mas funciona) para evitar o contato do bico do seio com o tecido e deixar o ar circular.

Aqui cabe uma ressalva: eu achava que amamentar devia ser tão natural que eu não me preocupei muito, mas me enganei. Na verdade o insucesso de muitas mulheres em amamentar se dá justamente por isso, os profissionais de saúde não orientam como deveriam, e a rede de apoio familiar para a puerpera quase que não existe mais, infelizmente, nós estamos cada dia mais sós, não é mais como antigamente em que as mulheres pariam e tinham mães, primas, avós aos redor a partilhar experiência e cuidados. Na verdade a maioria de nossas mães nem amamentou, porque na época  a regra era o uso de leite em pó, que era estimulada não só pela industria mas também por médicos e enfermeiros.

Depois de superadas as primeiras dificuldades foi tudo maravilhoso, a sensação de nutrir um filho, de acalanta-lo  é inexplicável, é maravilhosa, você passa a ter uma relação melhor com seu corpo, hoje amo mais meu corpo do que antes da minha filha.

Marina seguiu mamando muito em todo seu primeiro ano de vida, quando fez um ano um novo problema surgiu: o estranhamento social à amamentação de um bebê maior de um ano. Não é comum por aqui, as pessoas são desinformadas e há muito preconceito quanto ao tema. Passei a houvir muito que ela estava chupetando meu peito, que o leite não servia mais. 

Seguimos, nós duas, com a amamentação, e foi muito bom para nós, quanto as críticas e olhares de reprovação minha saída foi fazer ouvido de mercador.

Já no final de agosto de 2014, quando ela estava com 2 anos e 4 meses, eu comecei a ficar muito impaciente e cansada com a amamentação noturna (madrugada a dentro, umas 4 ou 5 vezes), me senti culpada por esta impaciência, mas não estava mais aguentando não dormir a noite toda, além disso Marina deu uma queda grande na curva de crescimento o que foi um sinalizador de um possível problema relacionado a sono. Chorei muito, refleti, pensei, sofri, mas finalmente  resolvi então implementar o desmame noturno, usando a tecnica do Dr Gordon, com algumas adaptações.

Iniciei conversando com ela, falando francamente que a mamãe estava com o mamá muito cansado e que a noite nós iríamos dormir juntinhas, eu ia fazer carinho, mas o mamá iria dormir a noite toda e ela ia mamar novamente pela manhã. Conversei por umas duas semanas até tomar coragem para implementar, primeira noite, mamou dormiu, lá pelas 02:30 primeira acordada para mamar, eu fiquei do lado, abracei, ninei, beijei, mas não dei o peito... ela chorou, e eu sempre do lado com ela nos braços, consolando. Nesse processo a participação mais ativa do pai, revezando comigo foi fundamental. Me senti péssima mãe, e caí no choro algumas vezes. Não foi fácil, mas foi necessário no nosso caso. Com uma semana ela estava dormindo melhor a noite, e mamando apenas durante o dia.

Aqui uma pausa para ser bem sincera, ela é uma criança que tem o sono muito inquieto e leve, então passou a dormir melhor, mas ainda acordava vez ou outra, e foi melhorando aos poucos, mas ainda hoje (com 3 anos recém feitos) ela acorda as vezes, ou seja, não é milagre, tirar a mama não é a solução para o bebê dormir a noite toda, vai variar muito de criança para criança.

Após o desmame noturno continuamos cama compartilhada e a amamentação em livre demanda durante o dia. Após essa adaptação aos pucos fomos reduzindo a livre demanda (que rolou solta por 2 anos e 4 meses), até chegar ao ponto de mamar apenas ao acordar e dormir. Esse foi um processo de uns 4 meses mais ou menos, e o desmame total só aconteceu quando Maricota estava com 2 anos e 8 meses.

Recentemente (acho que faz uns 2 meses) ela pediu para mamar e eu dei, mas ela não gostou e perguntou porque meu mamá tava ruim, e depois disso nunca mais pediu. E foi assim que esse ciclo da vidinha dela e da minha se encerrou, foi uma experiência maravilhosa, se tiver outro bebê faço tudo de novo. E sabe do quê mais? A gente realmente esquece das noites mal dormidas, só o que fica é a lembrança maravilhosa de ter aquele bebezinho nos braços e conseguir nutri-lo com seu próprio corpo, e o olhar de imenso amor e afeto que recebemos dos nossos filhos, esse olhar paga tudo, é uma das minhas mais belas lembranças de vida, sou muito grata por ter podido viver tudo isso.

2 comentários:

  1. Sabrina, muito legal teu relato, obrigada por compartilhar. Tão raro ler histórias de desmame após os dois anos. Minha filha está com 2 anos e 2 meses e ainda mama em livre demanda durante o dia, mas recém (há aprox. 1 mês) iniciamos o desmame noturno, período que mais me incomodava, associado a aprender a pegar no sono (à noite) sem mamar. Vou acompanhar teu blog!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada :) esotu lenta com o blog mas aos poucos estou retomando. Fui no seu blog, muito bom, parabéns. Beijos.

      Excluir