sábado, 7 de setembro de 2013

Sobre maternidade e feminismo


Confesso que nunca fui de pensar minha condição feminina na sociedade, simplesmente tocava minha vida, estudava, namorava, trabalhava para ser independente, mas o tema feminismo nunca esteve entre minhas preocupações.

Daí veio a maternidade e tudo mudou. Agora responsável por mais uma vida me tornei mais forte, mais crítica... em parte por desejar um mundo melhor para minha filha. Acho até estranho quando ouço das pessoas que filho é uma prisão, para mim foi libertador.

Ser mãe para mim implica em querer um mundo melhor para minha filha, agora tá tudo bem, ela vive comigo e com o pai, tem suas necessidades prontamente atendidas, colinho, carinho de montão... mas e quando ela cair nesse mundão velho? Sei que é difícil  mudar o mundo, mas se puder melhorar um tiquinho antes dela cair nele já fico feliz.

Ai fico me perguntando, porque temos que vestir nossas meninas de rosa, que chato! Porque não pode ser colorido? Porque desmerecemos os papeis tradicionalmente exercidos por mulheres e endeusamos os papeis "masculinos"? Porque mesmo sendo mulher fui ensinada (pela mídia principalmente) que feminismo é coisa de mulher masculinizada e sem homem?

Feminismo não é nada mais que a busca de direitos iguais para as mulheres. Ou seja, sempre fui feminista e nem sabia, duro né? Isso devia fazer parte de nossa educação, mas como nem tudo é o que devia ser, estou eu aqui me descobrindo feminista só depois de ser mãe. Bom antes tarde do que nunca, já diz o ditado.

O fato é que ainda vivemos em um mundo desigual, as mulheres trabalham mais, dupla e tripla jornada, recebem menos, ainda são agredidas, mortas, violadas de todas as formas. E apesar disso tudo, ainda é lugar comum culpar a própria mulher por isso. Justificando que a natureza da mulher é menos competitiva, mais maternal, mais frágil... etc. Não nego a biologia, somos biologicamente diferentes, isso é lógico, mas isso não pode ser justificativa para nos negarem igualdade de direitos.

 Minimizar a dor do outro, pondo a culpa nele mesmo, é uma forma de desmerecer, diminuir e tentar enfraquecer esse outro, é um ato covarde. Não dá para aceitar, e o pior é que muitas mulheres não se solidarizam, talvez porque estão tão imersas nesse contexto machista que apenas reproduzem o que viram a vida toda aceitando isso como a realidade imutável.

Hoje em dia a tradicional frase (aqui no NE se ouve muito isso) "cuide de sua cabra que meus bodes estão soltos" me dá nojo. Como assim? Até que ponto vamos incentivar  o desrespeito as mulheres em nossas crianças? Minha menina é livre, e quando for adulta espero que seja responsável apenas pelos seus atos e não pelos atos dos outros. Cuidemos todos de nossos "bodes e cabras" para que cresçam auto confiantes, felizes e solidários.


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