sábado, 15 de dezembro de 2012

O que toda mãe e pai deviam saber sobre o uso de fórmulas artificiais por menores de um ano: Os motivos que me levaram a decidir não oferecer leite artificial a minha filha durante seu primeiro ano de vida.


Primeiramente quero deixar claro que apesar de defender a amamentação como principal fonte de alimento para uma criança menor um ano ano (exclusiva até os 6 meses) e de crer na sua manutenção até os dois anos ou mais, como preconizam a OMS e o Ministério da Saúde, reconheço que nos casos em que há uma impossibilidade real para o aleitamento materno o uso de fórmulas lácteas tem indicação e deve ser realizado. Entretanto esses casos não deveriam ser regra e sim exceção.

Temos três formas básicas de alimentar os bebês, a primeira é o leite materno, e esse não tem nem discussão é o melhor. A segunda forma é o uso de fórmulas lácteas (Nan, Nestogeno, Aptamil...) preparadas para possuírem propriedades semelhantes ao leite materno e a terceira é o leite integral normal (Ninho e todas as outras marcas de leite menos famosas).

LEITE INTEGRAL: Porque é contra indicado para menores de um ano?




1º) O sistema digestivo dos bebês ainda não está completamente "amadurecido", assim ele não consegue absorver o leite adequadamente.

2º) O leite pode provocar uma série de alergias.

A literatura científica demonstra forte relação entre o uso de leites e derivados e o desenvolvimento de processos alérgicos, principalmente alergias tardias, sendo essas  relacionadas com o surgimento a médio e longo prazo de otite, rinite, sinusite, bronquite asmática, amigdalite, obesidade, gastrite, esofagite, refluxo, enxaqueca e outra série de complicações.

Esse processo ocorre principalmente porque o organismo humano não digere bem algumas proteínas do leite (caseina, alfa-lactoalbumina e lactoglobulina), e não digere a beta-lactoglobulina que é outra proteína. Assim a mucosa intestinal pode ficar inflamada o que facilita a passagem de macromoléculas diversas e provoca má absorção de nutrientes. O problema reside no fato de que o organismo humano vê essas macromoléculas como corpos estranhos e isso desencadeia uma reação imunológica para poder combatê-las.

3º) Há sobrecarga renal, pois o leite de vaca possui três vezes mais proteína que o humano, além de apresentar uma concentração de cálcio muito maior em relação aos outro minerais, isso tudo exige muito mais dos rins de seu bebê.

4º) Está associado ao surgimento de anemia ferropriva no primeiro ano de vida pois apresenta baixa biodisponibilidade e densidade de ferro, porém possui excesso de proteínas e minerais, especialmente cálcio, o que interfere na absorção do ferro de outros alimentos.

Então, por esses e outros motivos que não deu para sumarizar aqui, não posso nem pensar em oferecer leite e derivados (isso inclui Danoninho, Requeijão, Queijos e bebidas Lácteas) para minha filhotinha antes dela completar seu primeiro ano de vida.

FÓRMULAS LÁCTEAS - Dá para confiar?

Já vimos que o leite integral não é uma boa opção, mas ainda restam as fórmulas lácteas, moderníssimas e caríssimas diga-se de passagem...hehe. Mas como nem tudo que reluz é ouro a história não é assim tão  bonitinha, vamos lá.

1º) As empresas que comercializam as fórmulas lácteas precisam criar demanda para seu produto, dessa forma ao longo do último século foram criando "motivos" e "estimulando" médicos a prescrever seus produtos, mas será que realmente são a melhor opção?

Tudo bem, não precisam me chamar de a louca da amamentação - hehe - reconheço a importância desses produtos, salvam a vida de bebês que não podem sem amamentados, isso já sei e concordo, a questão não é essa. Também acho que se a mãe não quer amamentar tem esse direito, pode dar a fórmula sim, essa não é minha conduta mas estamos em um país livre.

A verdade é que os primeiros lites artificiais não foram produzidos para "salvar" os bebês das mães que não conseguiam amamentar, foram produzidos principalmente para alimentar os bebês das mulheres que estavam entrando no mercado de trabalho, elas eram muitas, expostas a uma jornada desumana e não podiam amamentar seus filhos, assim com um mercado em expansão a Nestlé (principalmente ela pois foi pioneira) iniciou sua produção, até ai vá lá, esse é o mundo capitalista. O grande problema é que para ter aceitação a tal empresa envidou esforços para convencer mães e pediatras que seu produto era tão bom  e seguro quanto o leite materno, resultado? Na época a mortalidade infantil entre os bebês que usavam as fórmulas era 20% maior, e até hoje a mortalidade infantil é maior entre crianças alimentadas com essas fórmulas, isso em países "desenvolvidos" aqui não temos essa estatística.

E o que aconteceu? Milhões de criancinhas morreram por causa das informações deturpadas, por causa do marketing agressivo, abaixo tem o link de um documentário muito bom da TV Australiana sobre a desnutrição infantil causada justamente pelo uso de leite em pó como principal fonte de nutrição em crianças, apesar de antigo o documentário ainda é atual, e retrata um fato importante que não deve ser esquecido. Ai gente, desculpa, mas não dá para ser inocente ao ponto de achar que o pediatra prescreve  a tal fórmula porque é o melhor para seu filho, não dá. Não tem sentido dar fórmula a uma criança que é amamentada e essa é a prática mais comum nos consultórios, basta fazer seis meses que tá tudo liberado.


E se você ainda não se convenceu, pare e reflita sobre as seguintes questões:

- A Nestlé patrocina a Sociedade Brasileira de Pediatria, duvida? Então tá, da uma olhada no site deles: Site Sociedade Brasileira de Pediatria, isso é no mínimo estranho não é?
- É pratica comum em muitas maternidades oferecer leite artificial ao bebê, mesmo sem o consentimento das mães, porque será?
- É muito comum, mesmo com bebês amamentados, que se prescreva fórmula artificial  no momento da introdução da alimentação complementar. Qual a necessidade disso?
- Porque prescrever leite para intolerância a lactose a um bebê que é amamentado? Gente, bebês com intolerância ao leite materno são raríssimos, e esses poucos casos infelizmente tem alta mortalidade. Quanto um bebê tem intolerância a lactose, é do leite de vaca que estamos falando, então nesse caso o correto é a mãe fazer a dieta para não passar as proteínas do leite de vaca para seu bebê.
- Porque suspender a amamentação e prescrever NanAR ou Aptamil AR, ou qualquer outro leite modificado para bebês com refluxo? Não parece ilógico que alimentemos um bebê que já é propenso a problemas gástricos com um leite mais alérgeno, que é o de vaca? Não seria melhor nesses casos estimular o aleitamento materno? Outra coisa, para os que não são amamentados, a literatura indica que não há diferença entre usar esses leites especiais ou fazer o espessamento do leite de forma caseira (coloquei o link do artigo lá embaixo é só conferir).

Daí pergunto, até quando vai a indicação correta e segura da fórmula láctea? E os nossos instintos maternos de nada valem? 

2º) Por melhores que sejam as fórmulas não possuem nem de longe as propriedades do leite materno, pois:
A) O leite humano é rico em leucócitos e anticorpos que protegem o bebê contra infecções e alergias, possui fatores de crescimento que aceleram a maturação intestinal, também previnem alergias e intolerâncias
B) Só leite materno possui ácidos graxos poliinsaturados da série n-3 que são importantes no desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso central, alguns fabricantes até tentam enriquecer suas fórmulas mas os estudos ainda são inconclusivos.
Para resumir, segue a tabela da OMS com a comparação entre os três tipos de leite, e é claro que o leite materno leva larga vantagem sobre os outros.


Tabela de Comparação do leite materno com outros leites:


Leite Humano
Leite Animal
Leite artificiais
Propriedades
Anti-Infecciosas
Presente
Ausente
Ausente
Fatores de crescimento
Presente
Ausente
Ausente
Proteína
Quantidade adequada, fácil de digerir
Excesso, difícil de digerir
Parcialmente modificado
Lipídeos
Suficiente em ácidos graxos essenciais, lipase para digestão
Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase.
Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase.
Minerais
Quantidade correta/ equilibrado
Em excesso / desequilibrado
Parcialmente correto/ parcialmte equilibrado
Ferro
Pouca quantidade, bem absorvido
Pouca quantidade, mal absorvido
Adicionado, mal absorvido
Vitaminas
Quantidade suficiente
Deficiente A e C
Vitaminas adicionadas
Água
Suficiente
Necessário extra
Necessário  extra




OMS/CDR/93.6


Conclusão, se desejo o melhor para minha filha, se sou saudável e posso amamentá-la é o que vou fazer. Quando coloco as três opções e reflito, vejo que, se posso oferecer o melhor porque ofereceria outra coisa? Claro que esse é meu desejo, que é o que pretendo fazer, caso não pudesse logicamente procuraria uma fórmula láctea adequada as necessidades dela, mas por enquanto isso não está nos meus planos. Assim vamos seguir nossas vidas, ela já iniciou a introdução de alimentação complementar com muitas frutas e legumes, mas leite só o da mamãe aqui.

Sabrina Neves.


Para tomar minha decisão como mãe (o que resultou nesse texto) consultei as seguintes fontes (além do material da OMS cujo link está no outro post):

Artigo da Pediatrics sobre o uso de leite de vaca no primeiro ano de vida.




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